MUDANÇA CLIMÁTICA: Preservação de florestas é “hipocrisia verde”, diz empresário

Copenhague, 15/12/2009 – Há algumas nações industrializadas e organizações que tergiversam sobre a incidência da silvicultura e a mudança de uso da terra para reduzir a pobreza e não reconhecem as necessidades econômicas dos países em desenvolvimento, segundo o informe que critica os ambientalistas, “Conversão: o imutável vínculo entre silvicultura e desenvolvimento”, elaborada por Alan Oxley, presidente da organização World Growth, com sede nos Estados Unidos. A instituição, segundo o seu site, foi criada para equilibrar o debate sobre comércio, globalização e desenvolvimento sustentável. “Evitar que seja dado outro uso ao território selvático é uma estratégia contrária ao desenvolvimento”, disse Oxley.

O argumento errôneo de não destinar fundo às políticas centradas no crescimento econômico e sim aos programas de conservação é que são o sustento de “populações que dependem da selva”, afirma o estudo. Mas é uma “hipocrisia verde” – ressalta – pedir aos países em desenvolvimento que renunciem às oportunidades econômicas que desfrutaram as nações industrializadas. “A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) considerou por muito tempo que dar outro uso à selva é uma solução para as nações em desenvolvimento que contam com esse recurso”, explicou Oxley à IPS.

“Foi o caminho percorrido pela Europa para se desenvolver, mas agora os países da União Europeia querem negá-lo às nações em desenvolvimento”, destacou o ativista. Os Estados Unidos e a UE “decidiram deixar o setor agrícola fora dos limites nacionais e dos programas de redução de emissões comerciais. Mas insistem que a principal forma para os países em desenvolvimento reduzirem as suas é acabar com a mudança de uso da terra”, acrescentou. A Indonésia foi um objetivo particular porque tem a maior indústria florestal do sudeste asiático, destacou Oxley.

Houve uma campanha sustentada do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e do Greenpeace, dos governos europeus encabeçados por Grã-Bretanha e Holanda, e do Banco Mundial para exagerar o grau de desmatamento e subestimar a superfície do território preservado para a conservação. Os ativistas exageram a incidência do corte ilegal e discordam dos benefícios econômicos que rendem ao país os cultivos em territórios selváticos e a indústria do óleo de palma.

O informe apresenta um estudo comparado sobre as florestas e o desenvolvimento da Indonésia e Europa ocidental que usa como argumento para demonstrar o duplo discurso aplicado às nações em desenvolvimento no debate climático. As terras cultivadas dominam a região europeia, enquanto as selvas o fazem na Indonésia. As zonas agrícolas cobrem 40% do território do velho continente e apenas 29% do país asiático. As áreas de floresta dominam 50% do território indonésio e pouco mais de 35% do europeu.

“A fixação das organizações ambientalistas em frear a silvicultura as impede de ver a única solução para evitar o desmatamento excessivo e acabar com a pobreza. Uma das formas mais efetivas para isso é promover uma agroindústria que dê benefícios econômicos”, conclui Oxley. A conversão da selva da Enuncia é uma atividade planejada e administrada, segundo Doddy Sukadri, presidente de uso da terra, mudança de uso da terra e silvicultura, do Conselho Nacional da Indonésia para a Mudança Climática. “Desde 1980, muito antes de se falar da conversão da terra como agora, a Indonésia já havia destinado 50% da zona para outros usos relacionados com o desenvolvimento, como agricultura, habitação e cultivos, entre outros”, afirmou Sukadri à IPS.

A Indonésia é o principal contaminador devido ao desmatamento e o terceiro emissor, atrás de Estados Unidos e China, de gases-estufa, segundo o Greenpeace. Nos últimos 50 anos foram destruídos mais de 74 milhões de hectares de florestas (cortes, queimadas, degradação ou transformados em pasta de celulose) e a produção deu a volta ao mundo.

Stephen Campbell, do capitulo Ásia Pacífico do Greenpeace, ao ser consultado pelo informe dirigido pelo presidente da World Growth , declarou que “o senhor Oxley e suas empresas são conhecidos negadores da mudança climática e se concentram em enfraquecer e solapar as ações efetivas” para conter o fenômeno.

O Greenpeace opõe-se ao corte de floresta nativa. Segundo Campbell, esse é um passo necessário para evitar o caos climático, preservar a biodiversidade e proteger a terra, os direitos e a cultura das populações selváticas. No tocante a acabar com a pobreza, a organização afirma que a ajuda econômica ao desenvolvimento deve ser obtida mediante acordo em matéria de mudança climática. O Greenpeace propôs um mecanismo chamado Florestas para o Clima, que está sendo seriamente analisado na 15ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-15), em Copenhague. (IPS/Envolverde)

Rajiv Fernando

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